quarta-feira, 27 de abril de 2011

UFC 129: BRASIL 100%

E o UFC volta mais uma vez à terra aonde o lucro fala forte. A terra dos canucks, dos semi-franceses, chapéu da América, terra do hóquei, terra de Georges Saint-Pierre. Considerado no próprio Canadá o atleta do ano três vezes consecutivas! Em uma noite em que o card preliminar quase roubou a cena com ótimas lutas, os dois brazucas da noite fizeram bonito com Lyoto garantindo um pouco da dignidade que restou ao Brasil nos meio-pesados após os revezes de Shogun e Feijão perdendo cinturões no UFC e no Strikeforce respectivamente, e José Aldo defendendo sua cinta dos penas mais uma vez.



NOVO GAROTO PROPAGANDA DO COREGA PLUS
A VOLTA DE DANIEL LARUSSO

Dana White já tinha dado a letra, se ciscasse pra trás durante os 15 minutos de novo, era rua!!! E Lyoto parece ter aprendido a lição. Bom, mais ou menos. No primeiro round, o baiano radicado no Pará manteve seu estilo cauteloso, de muito, muuuuuuuito estudo. Esperto no wrestling do americano, Lyoto não dava brechas pro Capitão América tentar as investidas por baixo. E só. Lyoto se limitava a encurtar a distância ocasionalmente com jabs. Ao jogar no safe-mode a trocação contra um wrestler, Lyoto dava mostras de que a noite ia ser daquelas complicadas de assistir. BULLSHIT! No segundo round, em um dejavú de AS X Belfort, Lyoto pega Couture plantado no octógono e em um misto de Daniel San/Law acerta uma pezada na boca do americano, lhe custando dois dentes. Será que podemos sonhar em ter o cinturão dos meio-pesados de volta ao Brasil?? Só Lyoto (e Dana White) poderão nos responder. Sobrou até mais uma babação de ovo desnecessária ao Steven Seagal.



DESCOBRIMOS O SEXO, É UMA MENINA
UM QUASÍMODO CANADENSE

No co-main event da noite, a disputa de cinturão dos pesos pena deixou o público alvi-rubro mais orgulhoso do que na luta principal (ver abaixo) quando Mark Hominick mesmo com uma bola de tênis na testa quase consegue um dos comeback mais épicos de toda a história do MMA.
Aldo vindo de lesão vertebral, fez uma luta muito inteligente, e, abdicando de seu estilo favelaboxing preferiu lutar no safe controlando a luta com takedowns sempre que ameaçado, no melhor estilo GSP.
Durante os quatro primeiros rounds, vimos uma inversão de papéis. Aldo fez com o canadense o que estamos acostumados a ver os bullies americanos fazerem com os brasileiros. Takedown to ground and pound! Aldo controlava a distância com um boxe sujo, que abriu alguns cortes em Hominick e ia magoando o canadense no decorrer do embate. Como resposta, Hominick mostrou ter mãos pesadas, encaixando alguns cruzados e eventuais ganchos que foram minando a guarda do brasileiro. No primeiro round, logo no primeiro takedown Aldo mostrou um approach estabando por cima de Hominick o que quase lhe custou o braço numa armbar do canadense.
O caminho das pedras logo ficou claro: leg kicks! Aldo podia ter repetido a mesma estratégia que usou contra Faber porém insistiu em bater por cima e amassar o canadense.
O filme se repetiu até o último round, quando Hominick já estava desfigurado por conta de conta de repetidas cotoveladas no crânio. Talvez até por displicência do médico de plantão, Hominick foi liberado para lutar. Será que se a luta fosse fora do Canadá não teria terminado por interrupção médica? Enfim, um agonizante (para o público) Hominick voltou ao último round com o olho esquerdo semi-fechado e uma testa para Sloth nenhum botar defeito.
Bom, aí era bola 8 na caçapa do fundo camaradas. Ou não! Hominick que já devia estar muito puto com a situação viu a última opção que ainda não havia tentado na luta e inventou de quedar o brasileiro. Aldo que sempre carregou o estigma de ser um lutador oriundo do BJJ que se deu bem na trocação na teoria ia se sentir muito confortável, ao passo que descansaria e controlaria a luta ali mas não foi isso que aconteceu.
Um surpreendente Mark Hominick tirou forças de sua bolota craniana e em um feroz ground-and-pound (muito diferente daquele de seu compatriota que iria lutar mais tarde) acertou potentes e precisos socos na cara de um mais surpreendente ainda Aldo que acusava todos os golpes e não esboçava reação além de virar a face (literalmente). Talvez a desenvoltura obtida para a trocação fez com que Aldo esquecesse suas origens, era um cordeiro por baixo do lobo contra Hominick. A cada golpe que entrava, Aldo fechava o olho, era iminente um possível nocaute o que consagraria para sempre Hominick na história do MMA canadense. Passado o sufoco, Aldo ainda manteve a unanimidade na luta, garantindo o cinturão no Brasil mas ligando o sinal de alerta: precisa melhorar e muito o gás e o grappling que ficou inutilizado em seus últimos embates. Uma luta típica em que o perdedor saiu como vencedor e o vencedor saiu com um gostinho de frustração,



E para fechar a noite, Georges Saint-Pierre preparou o público para uma boa noite de sono para variar. GSP consegue ser monótono mesmo quando luta em pé. Em uma trocação burocrática, o canadense passou os cinco rounds controlando a distância e acertando overhands e supermen em Shields, que como resposta não fazia absolutamente nada. Parecia estar satisfeito só pelo fato de ser o desafiante. Se Shields não queria lutar, GSP muito menos. O canadense vira e mexe esboçava algum movimento mais plástico como chutes rodados mas nada que prendesse a atenção do público que curiosamente começava a demonstrar impaciência. Na minha lembrança isso nunca havia acontecido em terras canadenses. Após 5 rounds de pura não-emoção, de tentativas mais que frustradas de Shields em tentar levar a luta pro solo e de uma trocação feijão-com-arroz de GSP, o canadense consegue mais uma defesa de cinturão apática. A sorte de GSP é que existe Jon Fitch para carregar o status de lutador mais sonolento do UFC. A questão é. por que Dana White critica Anderson Silva quando o mesmo faz performances de rua no octógono e não critica GSP e seu estilo bicho-preguiça? A rentabilidade que GSP traz ao UFC é inquestionável, porém fica claro que o careca sabe muito bem usar dois pesos e duas medidas.


BONU$

Em um evento com faturamento na casa de U$11 milhões, a premiação de bonus foi proporcionalmente gorda contemplando U$129,000.00 para cada um dos lutadores:

Finalização da noite: Pablo Garza (triângulo no 1R em Yves Jabouin)
Nocaute da noite: Lyoto Machida (chute frontal no 2R em Randy Couture)
Luta da noite: José Aldo X Mark Hominick

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