quarta-feira, 13 de abril de 2011

OS WRESTLERS ESTÃO ARRUINANDO O MMA?

Eis a questão que vem assombrando o MMA moderno. A vítima mais recente da modalidade originada na Grécia foi o Minotouro (perdoem-me a ironia), que após um sólido primeiro round com boa defesa de takedowns, sucumbiu à força de Phil Davis.
Ninguém, NINGUÉM pode negar a eficácia do wrestling no MMA: lutadores (geralmente) de porte altamente atlético, ótimos fundamentos em queda e alta eficiencia em ganhar/manter posições no chão. O wrestling é ainda considerado pelos próprios lutadores como anti-jogo do Jiu-Jitsu, mas, ainda com todos esses atributos e mostrando uma dominância no cenário atual do MMA (4 dos 7 cinturões do UFC tem como detentores lutadores oriundos da arte), por que o wrestling atrai tantos boooos seja no octógono, no ringue ou em qualquer arena que se apresenta?


Além de compartilhar com a opinião da amiga coruja, existem outros agravantes no wrestling. Houve-se uma época em que, graças ao aclamado e amado Tito Ortiz, subtendia-se que os wrestlers (que na época não eram tantos) lutavam para ganhar por interrupção médica (por conta de cotoveladas). O que aconteceu com o Minotouro, com o Mário Miranda, com o Thiago Silva, com todo brasileiro leve no UFC e com todo oponente do GSP segue o mesmo script. Um sólido boxe em pé, ótimos takedowns oriundos da disciplina, sólido controle de posições mas pecam na objetividade, seja pela finalização seja por um eventual (T)KO. Como combater isso? Bom, temos que nos despreender de dois mitos primeiro:



O JEITINHO BRASILEIRO DE SE DEFENDER UM TAKEDOWN!


1º Depressão Pós-Pride

Sim, ela existe e ela ataca. Os brasileiros não sofriam com isso no Japão, ora pelo número reduzido de americanos no roster, ora pelo evento que primava mais por show do que por uma luta técnica. Dos poucos wrestlings que ali habitavam, todos gostavam de não parecer wrestlings. Bem, tinham alguns que gostavam e eram prontamente obliterados pelo Último Imperador. Os enfadonhos wrestlers começaram a dar sinal de vida nas categorias mais leves, com a nova safra de japoneses vindos do Shooto e curiosamente foi aí que os brasileiros já começaram a penar. Essa falta de experiência em como lidar com esse tipo de wrestling só se agravou no UFC, aonde tanto as regras quanto o layout do octógono favorecem o Lay-and-Pray.


2º Anderson Silva come wrestlers no café-da-manhã
Calúnia!!! E que assim continue sendo. Todos que acompanham MMA, ou que pelo menos assistem Faustão, sabem que o paulista está em um patamar acima de qualquer outro mero mortal que surja no UFC. Bom, pelo menos entre os médios. Apesar da dominância, Anderson ainda não foi testado contra wre... bem, na verdade foi, e foi algo que gostaríamos de esquecer se não fosse pelo final triunfal.

NEM UM VINHOZINHO ANTES?
A categoria dos médios é a que menos concentra wrestlers puro-sangue, campeões de divisões colegiais e universitárias na América. Hendo? Sim, um exemplar wrestler, disputou categorias olímpicas, mas como citado acima, hoje é um wrestler que prefere mais a trocação. O segundo nome que vem a cabeça é o Chael "The Jail" Sonnen. Apesar de falar mais do que lutar, o americano fez o que ninguém conseguiu chegar perto de fazer contra o Anderson em cinco anos de evento. Apesar da reviravolta no final, ficou clara como cristal a maior deficiência de Anderson (e de talvez, TODOS os brasileiros no MMA). Quero queimar a língua mas se Anderson não for capaz de controlar a distância de GSP em um possível embate entre os dois, teremos então um Silva X Sonnen II com um final mais amargo para o brasileiro. A solução?



JOSÉ ALDO!!!!!!!

Bem, não é exatamente "o" José Aldo, mas sim seu estilo. Quando pensamos no Aldo e lembramos de suas lutas o que primeiro vem na cabeça é o estilo "favela thai", sem exatamente uma técnica, mas com muita precisão e uma velocidade impressionante que lhe rendeu vários cheques de nocaute da noite e uma temida reputação entre os carinhas pequenos. Mas olhando mais além, principalmente em suas lutas contra os medalhões americanos Mike Thomas Brown e o California Kid Faber, pode-se notar uma defesa de takedown impecável. Isso, aliado aos low kicks, Aldo conseguiu minar os alicerces de ataque do wrestler. E como se não bastasse, Aldo ainda é um exímio faixa-preta de BJJ, o que o torna mais escorregadio ainda no chão.
Enquanto o Brasil não sair do eixo BJJ-Muay Thai, ainda penaremos contra os wrestlers, e pior, contra AMERICANOS!!!!

Pra terminar do jeito que comecei, mordendo e assoprando, considero que estamos entrando na era do wrestling, aonde quatro dos sete donos de cinturão no UFC são alunos exemplares da disciplina. Com a fusão do Strikeforce e UFC, temos alguma esperança de combate à essa praga honorável arte marcial com Werdum (pesados) e Roger Gracie (meio-pesados) que são extremamente habilidosos por baixo.

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