terça-feira, 9 de agosto de 2011

BOLETIM UFC TUPINIQUIM

Finalmente o UFC volta ao Brasil! Infelizmente (pra mim) no Rio e não em São Paulo, mas certeza de um ótimo espetáculo.
E o melhor, ainda que implicitamente, o card traz consigo a temática Brasil X resto do mundo. Dá pra melhorar? Dá sim! Na luta principal, o maior lutador de MMA da atualidade e ícone brasileiro lá fora, Anderson Silva vai por seu cinturão na reta contra Yushin Okami. De quebra, Anderson tem a chance de vingar sua "derrota", sua última derrota, para o próprio japonês há cinco anos atrás. Será o primeiro UFC em solo brasileiro na nova fase do MMA, aonde os lutadores estão muito mais preparados, a organização está muito mais madura e o público está muito mais consciente do esporte.
Meu prognóstico para cada luta do card principal:


Luiz "Banha" Cané (The Armory) X Stanislav Nedkov (Bulgarian Bushido)

"Banha" abre a noite brasileira no card principal contra o búlgaro Stanislav Nedkov, que já era pra ter estreiado ano passado mas por conta de lesões, dele e do oponente, só conseguiu fazer sua estréia esse ano (isso se nada acontecer até dia 27!). O paulista já não é estranho no UFC, com quatro vitórias e três derrotas, "Banha" sabe que precisa manter seu cartel mais estável se quiser continuar na trilha da cinta, e melhor, dentro do UFC. Ao seu favor tem um muay thai clínico, mãos bem precisas porém um queixo duvidoso. Já o búlgaro impressiona pelo cartel de sete vitórias sem derrotas. É bem verdade que as vitórias mais expressivas foram encima dos decadentes Kevin Randleman e Travis Wiuff, ou seja, uma incógnita.

Breakdown: O longo tempo de espera do búlgaro pode ser um fator decisivo para a vitória de "Banha", que já está mais ambientado com o evento. Vejo essa luta explodindo no início do primeiro round, Nedkov partindo pra cima fazendo o brasileiro dobrar o joelho e fechar bem a guarda, porém "Banha" aguentará e se sobressairá na trocação, acertando o rosto de Stanislav. Luiz "Banha" Cané vencerá por Nocaute Técnico no 1R


Edson Barboza (The Armory) X Ross Pearson (Team Rough House)

Édson caiu na graça não só dos brasileiros mas dos americanos também após suas duas lutas no UFC mostrando uma trocação bem técnica baseada em chutes devastadores. Quem sabe a esperança brasileira na fatídica divisão dos pesos leves? Enfim, Édson enfrentará o gentleman Ross Pearson, que traz na bagagem o título dos leves do reality show The Ultimate Fighter 9. Esse inglês gabaritado que já venceu cascas-grossas como o cotadíssimo Dennis Siver e Aaron Riley não possui pontos especiais, é muito bom em todos os aspectos. Tem uma trocação boa, que mina o oponente e consegue sair para o braço muito bem no chão.

Breakdown: Ambos lutadores não são novatos, porém a experiência de Pearson foi adquirida sobre caras de muito mais nível. Apesar de uma luta bem brigada aonde Édson tentará manter o combate de pé a qualquer custo, Pearson conseguirá levar a luta pra zona de conforto no chão e ali ficará todos os rounds. Ross Pearson vencerá na Decisão Unânime dos Jurados


Antônio Rodrigo Nogueira (Minotauro Team) X Brendan Schaub (Jackson's Submission Fighting)

Após um longo hiato de mais de um ano, "Minotauro" faz a alegria da torcida brasileira voltando ao octógono contra o vice-campeão do The Ultimate Fighter: Heavyweights, Brendan Schaub. "Minota" volta ao UFC depois de um nocaute brutal que todos os brasileiros gostariam de esquecer, sofrido para o atual campeão Cain Velasquez. Acontecimento que, felizmente, pode ter feito o baiano a redesenhar sua estratégia no MMA ultimamente fazendo com que volte às suas origens do pano que lhe deram vitórias em memoráveis embates no PRIDE. Já Schaub vem surpreendendo a todos. Após o nocaute da final do TUF, Schaub emparelhou quatro vitórias contundentes encima de medalhões como Napão e Crocop. Se vencer o "Minota" teremos um azarão credenciado a ser #5 na categoria.

Breakdown: Esse é o resultado mais complicado para se prever pois não dá pra saber qual "Minotauro" sairá do labirinto de lutará contra Brendan. Se o brazuca manter o BJJ feijão-com-arroz, não vai ter dificuldades em passar a guarda e finalizar no braço como sempre gostou de fazer, visto que o chão de Schaub é precário. Se quiser trocar, como tem feito desde que saiu do Oriente, a margem da vitória será do americano que mostrou ter força pra nocautear caras grandes da categoria. O maior obstáculo além da mentalidade do brasileiro será o wrestling de Schaub, já que todo cara que luta e jogou na NFL possui uma ótima base contra takedowns. Após segurar bem as investidas do brasileiro para levar ao chão, Brendan encontrará o queixo de "Minotauro" algumas vezes, até o brasileiro acusar e cair. Brendan Schaub vencerá por KO no 1R


Maurício "Shogun" Rua (Universidade da Luta) X Forrest Griffin (Xtreme Couture)

Os brasileiros ainda estão tentando entender o que aconteceu na noite em que Jon Jones desmontou tudo que "Shogun" havia construído até hoje, em um nocaute mais que brutal. O paranaense quer esquecer isto da melhor forma: lutando. E não existe oportunidade melhor para se redimir, pelo menos parcialmente, da perda do cinturão (fora o couro!): irá lutar no seu país tendo a chance de vingar sua derrota na estréia do UFC. Mas como Griffin já disse na propaganda do evento, "Não estou nem aí se ele lutará no país dele". Esse cara sabe o que é lutar! Lutar no sentido da palavra, independente de lutar bem ou mal. Ainda carrega consigo a humilhante derrota sofrida para Anderson Silva e sabe que se vencer novamente "Shogun" irá calar a boca dos críticos que dizem que foi por conta da má forma de Shogun e quem sabe se colocará em um lugar mais interessante na cadeia alimentar dos meio-pesados.

Breakdown: Por mais bom moço que "Shogun" seja, ou demonstre ser, ele sabe que a água está batendo na bunda. Apesar da vitória sobre Lyoto (o único nocaute sofrido pelo paraense), "Shogun" sabe que é sombra do que era em seus tempos de PRIDE, quando venceu talvez o maior GP de todos os tempos no MMA. Precisa mostrar qualidade antes que caia no ostracismo, ainda mais pelo jeito que perdeu para Jon Jones quando foi dominado em cada aspecto da luta. Esperem um "Shogun" mais agressivo e em melhor forma, enquanto Griffin trará o seu mesmo repertório, excitante, mas repetitivo. Um boxe com envergadura, um grappling procurando o ground-and-pound e nada além disso. Além da redenção, é uma luta bem interessante para o brasileiro já que a estatura de Griffin assemelha-se a de Jon Jones. "Shogun" controlará o espaço do octógono com low kicks e quando encurtar a distância irá para o clinch e castigará Griffin, que no princípio tentará revidar em pé mas depois tentará levar a luta para o chão a qualquer custo. Maurício "Shogun" Rua vencerá por Nocaute Técnico no 2R


Anderson Silva (Black House) X Yushin Okami (Waijyutsu Keisyukai)

A luta que todos nós esperávamos! Sim, Anderson Silva tendo a oportunidade de surrar um gringo em terras brasileiras! Só não é melhor porque não é um americano que escutará os gritos "BRASIL! BRASIL!". Culpa toda do Anderson por limpar a categoria. O novo contratado do Corinthians está na ponta dos cascos, apesar do calor que sofreu para Sonnen ainda assombrar nossas mentes de vez em quando, foi bem válido para o próprio Anderson enxergar aonde estão os buracos na estratégia, e pode ter certeza que Yushin Okami irá explorá-los. Usando a desgracenta matemática do MMA, se Sonnen fez o que fez contra Okami, Anderson só precisará manter o nível de sempre. E encaremos os fatos: Okami só está enfrentando Anderson por conta das circunstâncias. Nunca demonstrou nível suficiente que o credenciasse para o cinturão, a maioria de suas vitórias foram com decisões entediantes e foi o único que sobrou que faria sentido lutar com o Anderson por conta de sua "vitória" há cinco anos atrás.

Breakdown: Anderson estará pilhado nessa luta por conta de toda a situação, o que pode ser o principal obstáculo para uma boa apresentação. Com certeza será mais agressivo que o normal, lutará em casa! A boa notícia é que dificilmente será surpreendido por Okami, que possui uma trocação irrelevante. A única chance do japa é mimicar Sonnen, porém sem os anabolizantes nem a técnica do americano será muito difícil obter êxito. Ainda assim, Anderson se mostra muito perigoso por baixo. Acredito que Anderson não deixará a luta ir pro chão, controlando bem a distância com chutes frontais esperando o melhor momento para soltar joelhadas voadoras, colocar o clinch e apertar o botão off do japonês. Anderson Silva vencerá por Nocaute no 2R


PROGNÓSTICOS RÁPIDOS

Thiago Tavares X Spencer Fisher (Thiago Tavares vencerá na Decisão Unânime dos Jurados)
Paulo Thiago X David Mitchell (David Mitchell vencerá na Decisão Dividida dos Jurados)
Raphael Assunção X Johnny Eduardo (Raphael Assunção vencerá por Finalização no 1R)
Rousimar Palhares X Dan Miller (Rousimar "Touquinho" vencerá na Decisão Unânime dos Jurados)
Yuri "Marajó" Alcântara X Felipe "Sertanejo" Arantes (Yuri "Marajó" vencerá por Finalização no 3R)
Yves Jabouin X Ian Loveland (Ian Loveland vencerá por Finalização no 1R)
Erick Silva X Luís "Beição" Ramos (Erick Silva vencerá por Nocaute Técnico no 3R)


BONUS: A ÚLTIMA CARTADA DE WANDERLEI?

Parece que o bom e velho (hoje mais velho do que bom) Wanderlei Silva se recuperou do KO que sofreu para Chris Leben no evento retrasado e já está exercitando seus músculos, principalmente a língua. Conforme declaração informada pelo Portal do Vale Tudo, Wanderlei já tem seu próximo alvo marcado no UFC:

"Quem ele pensa que é? Tudo tem seu limite e eu coloco meu nome à disposição
da organização [UFC] para tomar as devidas medidas ao meliante malvado.
Esse falastrão é chato pra cara***. Gostaria de ser escalado para
ensinar bons modos ao 'Twitter world champion'. Você tem um bom dentista, meu amigo?"

Para aqueles que não perceberam a quem as palavras de Wanderlei se dirigem... sim, é pra ele, Chael "Brazil #1 Fan" Sonnen. Bom, não podemos negar que o lance do título de campeão mundial do Twitter foi bem engraçado mas esta declaração soa como a última bala no tambor de Wanderlei. Essa história de "ter um bom dentista", "agora não tem pra onde correr", "não sei nem se é lutador", sempre atrapalharam mais que ajudaram o Wanderlei. Na verdade, aquele ditado "cão que ladra não morde" nunca funciona tão bem em um esporte como funciona no MMA. E uma verdade maior que essa é que todos já estão com o saco bem cheio dessa falação que não é correspondida dentro do octógono. Um fator importante é que uma possível luta entre Sonnen e Wandeco ia ser um blockbuster, uma luta de main event pra quebrar audiência. Mais que Bisping X Hendo. E ia ter como atrativo o fato de que, se o Wanderlei perdesse, iria ser o fim da linha de vez para o curitibano. Resta saber se Dana White vai bancar essa última aventura de Wanderlei, ou se o brasileiro fará companhia ao moicano no time dos aposentados.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

RESUMÃO STRIKEFORCE: OVEREEM X WERDUM

Nada de frangotes, esse fim de semana foi a vez dos grandões saírem na mão. Os melhores pesados que ainda não estão no UFC se degladiaram no sábado pelo Strikeforce. Werdum e Overeem lutaram de um lado enquanto os americanos Brett Rogers e Josh Barnett fecharam a outra. Se o gaúcho vencesse, ia dar a revanche pro Pezão fazendo uma semifinal verde-amarela além de garantir um brazuca na final do GP. Já do outro lado que cheira hamburger, Barnett e Rogers lutaram para ver quem pegaria o ex-paraquedista militar Sergei "49" Kharitonov.
No resto do card principal Jorge Masvidal surpreendeu a todos dando uma baita de uma coça no overhyped KJ Noons.
No mais, Chad Griggs e suas costeletas másculas derrotaram o Overeem Senior enquanto Daniel Cormier vencia na decisão o veteraníssimo de guerra Jeff Monson.


LAR DOCE LAR: A VOLTA DE JOSH BARNETT


MMA é algo que nunca se desaprende. Bom, pelo menos é o que Josh Barnett provou. Barnett é um journeyman que já passou por todas as camadas existentes no vale-tudo, desde o barehands Vale-Tudo, até o Pro-Wrestling japonês. Desde uma emblemática vitória sobre um consolidado Minotauro, até as três piabas levadas contra Crocop.
Barnett não lutava na América desde 2009, quando foi banido por uso de substâncias ilegais encontradas em seu teste de doping e que catalisou o fim do Affliction. Após épocas conturbadas, seu retorno não podia ser melhor. Draftado (e com méritos) para preencher uma das vagas nas quartas-de-final do Gran Prix de pesados do Strikeforce, Barnett fez bonito.

MADEEEEEEEEEEEEEEEEIRAAAAAA!

Barnett enfrentou Brett Rogers, o garoto prodígio que foi criado com leite e pêra por Scott Coker que teve seu clímax ao vencer Andrei "queixo de vidro" Arlovski.
Na luta, Rogers entrou com a pressão de ter que fazer bonito, não apenas pra passar para as semis mas sim por agarrar a sobrevida que ganhara no evento, já que foi chutado após duas derrotas consecutivas. E a impressão era de que, mesmo com a pressão de salvar o planeta contra Galactus, Rogers não conseguiria apresentar um ground game no mínimo decente pra não perder posições. Barnett parece ter sentido o cheiro de cabacisse em grappling e assim que pode, jogou no safe mode e pôs Rogers pra baixo, que dali só saíria no fim do round.
Após domínio absoluto, estava bem claro pra Josh Barnett, Rogers, platéia, telespectado, comentaristas e Barack Obama que o destino da luta estava selado.
Era questão de tempo pra que no round seguinte a luta fosse pro chão e comicamente foi em uma tentativa do próprio Brett Rogers que Barnett conseguiu a montada e em pouquíssimo tempo um katagame justíssimo. Três tapinhas e Barnett se credencia para lutar contra Sergei Kharitonov, causando barulho em sua volta a América.


OVERBOMBA VENCE, MAS NÃO CONVENCE


Na luta que dava título ao evento, o holandês Alistair Overeem não só entrou pra defender sua cinta como também pra defender o hype absurdo criado por internautas e principalmente pela mídia especializada.
Já Werdum que entrara no GP de gaiato, foi de franco-atirador para última passatempo do pacote ao finalizar o "último imperador" Fedor Emelianenko, dando início ao fim do russo.
A luta... bem, a luta começou a ser decidida mesmo antes de começar. Com entrevistas como "sou o melhor do mundo no chão", Werdum dava sinais de que ia morrer pela boca.

OH LORD, REALLY? I MEAN, SERIOUSLY?
No primeiro round, Fabrício Werdum começou com um surpreendente head kick passando no vazio, seguido de outro chute que dessa vez fora pego por Overeem. Após um esboço de trocação, Werdum finalmente tenta o takedown que é protegido sem problemas por Overeem. Em um déjà vu de Thales Leites X Anderson Silva, Werdum de costas pro chão chama Overeem pra cair na guarda. O holandês, mostrando que prefere de quatro à frango-assado não cai nessa e o juiz manda Werdum levantar. Essa cena se repete durante a luta toda, em alguns lapsos de precisão na trocação de Werdum, culminando em boas sequências de soco e eventuais joelhadas na cara de Overem enquanto o holandês ia mais na força bruta do que na temida precisão exibida em seus combates no K-1.
Em um momento pitoresco, Werdum implorou pro holandês cair na guarda. Poderíamos concluir "Oh, Werdum está com um chão afiadíssimo". Buzzer!!! Um monótono Overeem finalmente caiu na guarda de Werdum, vendo este como o único momento de realmente mostrar superioridade na luta e surtiu efeito. O "melhor do mundo no chão" mostrou um grappling completamente irrelevante contra Overeem, que saía quando queria da guarda de Werdum. Apesar de não haver efetividade nenhuma de ambas as partes quando a luta ia pro chão, sempre com a posição dominante o holandês mostrou que mesmo no chão foi superior.
Nos últimos segundos de luta, Werdum investiu e conseguiu mais alguns golpes inclusive terminando a luta em uma tentativa desesperada de chave de pé mas sem sucesso.
Fim de luta, mão erguida para Overeem que não se viu em perigo em nenhum momento, indo pro chão quando queria, ditando o passo da luta.


"CHEGA DE PRELIMINARES, CAI PRA DENTRO MEU HOLANDÊS VOADOR!"


POST-MORTEM

Josh Barnett - Levou a luta aonde é mais forte e passeou. Aproveitou-se muito bem da fragilidade de Rogers e após fracassar em sua finalização favorita (kimura), conseguiu um ótimo triângulo de mão que lhe rendeu a vitória. Contra Kharitonov se manter a mesma estratégia, tem grandes chances de ir pra final. Embora temos que lembrar que Kharitonov não sucumbiu ao afiadíssimo chão de Minotauro no PRIDE, mostrando um ótimo wrestling.

Brett Rogers - Rogers vai ter que continuar vivendo as custas do nocaute encima de um decadente Andrei Arlovski. Mostrando ser tão vulnerável quanto uma bicicleta no chão, não existem muitas escolhas para esse lutador no MMA. Se pegar um lutador com o chão razoável e que não seja cabeça de bagre, sempre será finalizado. Se a FEG não estivesse tão mal das pernas poderia pleitear uma vaga nas seletivas americanas do K-1.

Alistair Overeem - Apesar da vitória, o comedor de carne de cavalo não foi nem sombra do lutador que tratorizou geral no K-1. Com uma trocação burocrática, o holandês não conseguiu acertar bons golpes em Werdum. Esporadicamente soltava algumas bombas no brasileiro, sem técnica mas com força, que conseguiam por Werdum na lona. Overeem decepcionou também em sua guarda, e especialmente no clinch aonde beijou o joelho de Werdum várias vezes. Se por um lado a trocação decepcionou, Overeem se manteve seguro no chão aonde conseguiu controlar bem as investidas de Werdum em pegar sua cabeça. Se lutar assim contra o Pezão, vai correr o risco de não terminar a luta.

Fabrício Werdum - Após a vitória de Fedor, Fabrício adotou uma postura muito humilde que foi se diluindo ao longo do tempo a ponto de se considerar o "melhor do mundo no chão". De fato, após finalizar o verdadeiro melhor do mundo, Werdum realmente acreditou que podia finalizar qualquer ser vivo por baixo na guarda quando na verdade não conseguiu nem finalizar um desinteressado Alistair Overeem. Apesar de ter possuído uma leve vantagem na trocação, seus buttflops custaram caro e não agradaram em nada os juízes, nem o público e quem sabe o próprio Scott Coker. Mais uma vez Werdum morre pela boca em mais um gesto de arrogância.


BONUS: GESIAS, PEDE PRA SAIR!

E mais uma vez Gesias luta mal mas desta vez não perdeu... nem ganhou (?). Após tomar um vareio de Justin Wilcox no primeiro round, em uma trocação desesperada acabou acertando sem intenção o olho do americano que ficou com o olho bem zoado. Enquanto Gesias pôr suas lutas nas mãos de deus ao invés de treinar sério e adquirir uma defesa contra takedowns no mínimo decente, continuará perdendo até quem sabe voltar pro Brasil e lutar em algum Fatality Arena da vida.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

UFC 129: BRASIL 100%

E o UFC volta mais uma vez à terra aonde o lucro fala forte. A terra dos canucks, dos semi-franceses, chapéu da América, terra do hóquei, terra de Georges Saint-Pierre. Considerado no próprio Canadá o atleta do ano três vezes consecutivas! Em uma noite em que o card preliminar quase roubou a cena com ótimas lutas, os dois brazucas da noite fizeram bonito com Lyoto garantindo um pouco da dignidade que restou ao Brasil nos meio-pesados após os revezes de Shogun e Feijão perdendo cinturões no UFC e no Strikeforce respectivamente, e José Aldo defendendo sua cinta dos penas mais uma vez.



NOVO GAROTO PROPAGANDA DO COREGA PLUS
A VOLTA DE DANIEL LARUSSO

Dana White já tinha dado a letra, se ciscasse pra trás durante os 15 minutos de novo, era rua!!! E Lyoto parece ter aprendido a lição. Bom, mais ou menos. No primeiro round, o baiano radicado no Pará manteve seu estilo cauteloso, de muito, muuuuuuuito estudo. Esperto no wrestling do americano, Lyoto não dava brechas pro Capitão América tentar as investidas por baixo. E só. Lyoto se limitava a encurtar a distância ocasionalmente com jabs. Ao jogar no safe-mode a trocação contra um wrestler, Lyoto dava mostras de que a noite ia ser daquelas complicadas de assistir. BULLSHIT! No segundo round, em um dejavú de AS X Belfort, Lyoto pega Couture plantado no octógono e em um misto de Daniel San/Law acerta uma pezada na boca do americano, lhe custando dois dentes. Será que podemos sonhar em ter o cinturão dos meio-pesados de volta ao Brasil?? Só Lyoto (e Dana White) poderão nos responder. Sobrou até mais uma babação de ovo desnecessária ao Steven Seagal.



DESCOBRIMOS O SEXO, É UMA MENINA
UM QUASÍMODO CANADENSE

No co-main event da noite, a disputa de cinturão dos pesos pena deixou o público alvi-rubro mais orgulhoso do que na luta principal (ver abaixo) quando Mark Hominick mesmo com uma bola de tênis na testa quase consegue um dos comeback mais épicos de toda a história do MMA.
Aldo vindo de lesão vertebral, fez uma luta muito inteligente, e, abdicando de seu estilo favelaboxing preferiu lutar no safe controlando a luta com takedowns sempre que ameaçado, no melhor estilo GSP.
Durante os quatro primeiros rounds, vimos uma inversão de papéis. Aldo fez com o canadense o que estamos acostumados a ver os bullies americanos fazerem com os brasileiros. Takedown to ground and pound! Aldo controlava a distância com um boxe sujo, que abriu alguns cortes em Hominick e ia magoando o canadense no decorrer do embate. Como resposta, Hominick mostrou ter mãos pesadas, encaixando alguns cruzados e eventuais ganchos que foram minando a guarda do brasileiro. No primeiro round, logo no primeiro takedown Aldo mostrou um approach estabando por cima de Hominick o que quase lhe custou o braço numa armbar do canadense.
O caminho das pedras logo ficou claro: leg kicks! Aldo podia ter repetido a mesma estratégia que usou contra Faber porém insistiu em bater por cima e amassar o canadense.
O filme se repetiu até o último round, quando Hominick já estava desfigurado por conta de conta de repetidas cotoveladas no crânio. Talvez até por displicência do médico de plantão, Hominick foi liberado para lutar. Será que se a luta fosse fora do Canadá não teria terminado por interrupção médica? Enfim, um agonizante (para o público) Hominick voltou ao último round com o olho esquerdo semi-fechado e uma testa para Sloth nenhum botar defeito.
Bom, aí era bola 8 na caçapa do fundo camaradas. Ou não! Hominick que já devia estar muito puto com a situação viu a última opção que ainda não havia tentado na luta e inventou de quedar o brasileiro. Aldo que sempre carregou o estigma de ser um lutador oriundo do BJJ que se deu bem na trocação na teoria ia se sentir muito confortável, ao passo que descansaria e controlaria a luta ali mas não foi isso que aconteceu.
Um surpreendente Mark Hominick tirou forças de sua bolota craniana e em um feroz ground-and-pound (muito diferente daquele de seu compatriota que iria lutar mais tarde) acertou potentes e precisos socos na cara de um mais surpreendente ainda Aldo que acusava todos os golpes e não esboçava reação além de virar a face (literalmente). Talvez a desenvoltura obtida para a trocação fez com que Aldo esquecesse suas origens, era um cordeiro por baixo do lobo contra Hominick. A cada golpe que entrava, Aldo fechava o olho, era iminente um possível nocaute o que consagraria para sempre Hominick na história do MMA canadense. Passado o sufoco, Aldo ainda manteve a unanimidade na luta, garantindo o cinturão no Brasil mas ligando o sinal de alerta: precisa melhorar e muito o gás e o grappling que ficou inutilizado em seus últimos embates. Uma luta típica em que o perdedor saiu como vencedor e o vencedor saiu com um gostinho de frustração,



E para fechar a noite, Georges Saint-Pierre preparou o público para uma boa noite de sono para variar. GSP consegue ser monótono mesmo quando luta em pé. Em uma trocação burocrática, o canadense passou os cinco rounds controlando a distância e acertando overhands e supermen em Shields, que como resposta não fazia absolutamente nada. Parecia estar satisfeito só pelo fato de ser o desafiante. Se Shields não queria lutar, GSP muito menos. O canadense vira e mexe esboçava algum movimento mais plástico como chutes rodados mas nada que prendesse a atenção do público que curiosamente começava a demonstrar impaciência. Na minha lembrança isso nunca havia acontecido em terras canadenses. Após 5 rounds de pura não-emoção, de tentativas mais que frustradas de Shields em tentar levar a luta pro solo e de uma trocação feijão-com-arroz de GSP, o canadense consegue mais uma defesa de cinturão apática. A sorte de GSP é que existe Jon Fitch para carregar o status de lutador mais sonolento do UFC. A questão é. por que Dana White critica Anderson Silva quando o mesmo faz performances de rua no octógono e não critica GSP e seu estilo bicho-preguiça? A rentabilidade que GSP traz ao UFC é inquestionável, porém fica claro que o careca sabe muito bem usar dois pesos e duas medidas.


BONU$

Em um evento com faturamento na casa de U$11 milhões, a premiação de bonus foi proporcionalmente gorda contemplando U$129,000.00 para cada um dos lutadores:

Finalização da noite: Pablo Garza (triângulo no 1R em Yves Jabouin)
Nocaute da noite: Lyoto Machida (chute frontal no 2R em Randy Couture)
Luta da noite: José Aldo X Mark Hominick

quarta-feira, 13 de abril de 2011

OS WRESTLERS ESTÃO ARRUINANDO O MMA?

Eis a questão que vem assombrando o MMA moderno. A vítima mais recente da modalidade originada na Grécia foi o Minotouro (perdoem-me a ironia), que após um sólido primeiro round com boa defesa de takedowns, sucumbiu à força de Phil Davis.
Ninguém, NINGUÉM pode negar a eficácia do wrestling no MMA: lutadores (geralmente) de porte altamente atlético, ótimos fundamentos em queda e alta eficiencia em ganhar/manter posições no chão. O wrestling é ainda considerado pelos próprios lutadores como anti-jogo do Jiu-Jitsu, mas, ainda com todos esses atributos e mostrando uma dominância no cenário atual do MMA (4 dos 7 cinturões do UFC tem como detentores lutadores oriundos da arte), por que o wrestling atrai tantos boooos seja no octógono, no ringue ou em qualquer arena que se apresenta?


Além de compartilhar com a opinião da amiga coruja, existem outros agravantes no wrestling. Houve-se uma época em que, graças ao aclamado e amado Tito Ortiz, subtendia-se que os wrestlers (que na época não eram tantos) lutavam para ganhar por interrupção médica (por conta de cotoveladas). O que aconteceu com o Minotouro, com o Mário Miranda, com o Thiago Silva, com todo brasileiro leve no UFC e com todo oponente do GSP segue o mesmo script. Um sólido boxe em pé, ótimos takedowns oriundos da disciplina, sólido controle de posições mas pecam na objetividade, seja pela finalização seja por um eventual (T)KO. Como combater isso? Bom, temos que nos despreender de dois mitos primeiro:



O JEITINHO BRASILEIRO DE SE DEFENDER UM TAKEDOWN!


1º Depressão Pós-Pride

Sim, ela existe e ela ataca. Os brasileiros não sofriam com isso no Japão, ora pelo número reduzido de americanos no roster, ora pelo evento que primava mais por show do que por uma luta técnica. Dos poucos wrestlings que ali habitavam, todos gostavam de não parecer wrestlings. Bem, tinham alguns que gostavam e eram prontamente obliterados pelo Último Imperador. Os enfadonhos wrestlers começaram a dar sinal de vida nas categorias mais leves, com a nova safra de japoneses vindos do Shooto e curiosamente foi aí que os brasileiros já começaram a penar. Essa falta de experiência em como lidar com esse tipo de wrestling só se agravou no UFC, aonde tanto as regras quanto o layout do octógono favorecem o Lay-and-Pray.


2º Anderson Silva come wrestlers no café-da-manhã
Calúnia!!! E que assim continue sendo. Todos que acompanham MMA, ou que pelo menos assistem Faustão, sabem que o paulista está em um patamar acima de qualquer outro mero mortal que surja no UFC. Bom, pelo menos entre os médios. Apesar da dominância, Anderson ainda não foi testado contra wre... bem, na verdade foi, e foi algo que gostaríamos de esquecer se não fosse pelo final triunfal.

NEM UM VINHOZINHO ANTES?
A categoria dos médios é a que menos concentra wrestlers puro-sangue, campeões de divisões colegiais e universitárias na América. Hendo? Sim, um exemplar wrestler, disputou categorias olímpicas, mas como citado acima, hoje é um wrestler que prefere mais a trocação. O segundo nome que vem a cabeça é o Chael "The Jail" Sonnen. Apesar de falar mais do que lutar, o americano fez o que ninguém conseguiu chegar perto de fazer contra o Anderson em cinco anos de evento. Apesar da reviravolta no final, ficou clara como cristal a maior deficiência de Anderson (e de talvez, TODOS os brasileiros no MMA). Quero queimar a língua mas se Anderson não for capaz de controlar a distância de GSP em um possível embate entre os dois, teremos então um Silva X Sonnen II com um final mais amargo para o brasileiro. A solução?



JOSÉ ALDO!!!!!!!

Bem, não é exatamente "o" José Aldo, mas sim seu estilo. Quando pensamos no Aldo e lembramos de suas lutas o que primeiro vem na cabeça é o estilo "favela thai", sem exatamente uma técnica, mas com muita precisão e uma velocidade impressionante que lhe rendeu vários cheques de nocaute da noite e uma temida reputação entre os carinhas pequenos. Mas olhando mais além, principalmente em suas lutas contra os medalhões americanos Mike Thomas Brown e o California Kid Faber, pode-se notar uma defesa de takedown impecável. Isso, aliado aos low kicks, Aldo conseguiu minar os alicerces de ataque do wrestler. E como se não bastasse, Aldo ainda é um exímio faixa-preta de BJJ, o que o torna mais escorregadio ainda no chão.
Enquanto o Brasil não sair do eixo BJJ-Muay Thai, ainda penaremos contra os wrestlers, e pior, contra AMERICANOS!!!!

Pra terminar do jeito que comecei, mordendo e assoprando, considero que estamos entrando na era do wrestling, aonde quatro dos sete donos de cinturão no UFC são alunos exemplares da disciplina. Com a fusão do Strikeforce e UFC, temos alguma esperança de combate à essa praga honorável arte marcial com Werdum (pesados) e Roger Gracie (meio-pesados) que são extremamente habilidosos por baixo.
 
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